Parabenizo o registro na Imagem do Santa da edição de 20 de outubro sobre a problemática envolvendo o convívio entre pedestres e ciclistas nas calçadas de Blumenau. O texto fala das "bicicletas ocupando espaços dos pedestres" e conclui dizendo que "há quem defenda o compartilhamento, mas em certas situações isso se torna complicado". A imagem mostra um ciclista carregando caixas de papelão em meio aos transeuntes. Nós, da organização não-governamental (ONG) ABC - Associação Blumenauense Pró-Ciclovias, temos como alguns dos nossos objetivos incentivar o uso da bicicleta como forma de locomoção e lazer e buscar uma convivência harmoniosa entre pedestres, automóveis e ciclistas. Por isso, lutamos pela implantação das ciclovias e de calçadas compartilhadas, sim - como já se pode ver na reurbanização da Avenida Beira-Rio -, de forma ordenada e de acordo com uma engenharia de mobilidade urbana. É elogiável o esforço da administração municipal em buscar a melhor solução para a problemática que envolve não só questões estruturais, mas de cultura, hábitos e de educação. No flagrante fotográfico percebe-se o abuso cometido pelo ciclista e, pelo que pude perceber, ele transitava pela Rua XV de Novembro, onde o espaço dos ciclistas é dividido com os automóveis. Por isso, mais do que buscar soluções estruturais é necessário investir em educação e conscientização para que motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas convivam harmoniosamente em uma cidade que tem como meta de seus administradores se transformar "na melhor cidade do Brasil para se viver", conforme preconiza o recém lançado Plano Estratégico 2005/2020. É necessário que nos espelhemos em quem já está à nossa frente em termos de mobilidade urbana, humanização e redução do gás carbônico nas cidades. Como a holandesa Groningen, que possui a metade da sua frota de veículos formada por bicicletas. Na Alemanha este índice é um pouco menor, mas não menos considerável: 28% em Erlangem. Na Dinamarca, cidade de Odense, 25% dos meios de transporte são feitos através da bicicleta. O mesmo índice é praticado em Tóquio, no Japão. No Brasil, a cidade que mais anda de bicicleta é Pomerode, com 23% da mobilidade urbana sendo exercida através das "magrelas". Em Blumenau, este índice caiu de mais de 90% para 3%. Portanto, temos um longo caminho a percorrer.
ELDON JUNG/ ENTÃO PRESIDENTE DA ABC
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